quarta-feira, 14 de abril de 2010

QUEM É GILDASIA DE OYA.

Em 1976, Gildasia dos Santos se inicia no candomblé no Terreiro de Oya em Itapuã com Elza Ferreira e Severino Ramos conhecido como Raminho de Oxossi do Axé Iboalama em Recife, sete anos mais tarde tobojinan (Gildasia dos Santos) ao completar seus sete anos de iniciada na religião recebe o cargo de yalorixá no ano de 1983.
Em 1992, Mãe Gilda participou da manifestação a favor do impeachment para a deposição do então presidente Fernando Collor de Mello quando foi clicada por algum fotografo, a imagem acabou estampando seu rosto na Revista Veja, sete anos depois por volta de setembro de 1999 para surpresa da yalorixá na época com 65 anos de idade a mesma imagem aparece estampada no Jornal Folha Universal, na foto uma tarja preta sobre o rosto de mãe Gilda e a frase: "Macumbeiros e charlatões lesam a vida e bolso de clientes'', mãe Gilda faleceu no dia 21 de janeiro de 2000 um dia depois de assinar a procuração para iniciar uma ação contra a igreja Universal do Reino de Deus, sua filha a Yalorixá Jaciara Ribeiro dos Santos ficou sendo a representante do espolho de mãe Gilda levamos a Igreja Universal aos tribunais como réu condenando-a a igreja e a gráfica a pagarem 1.372. 000.00 e a publicarem a sentença na capa do jornal por duas edições seguidas os desembargadores decidiram manter a condenação contra ambas reduzindo o valor da indenização para 960.000.00 que é o valor máximo adotado pelo TJ-BA em indenização por danos morais, eles recorreram e não querem pagar alegando que a yalorixá já está morta não tem direito algum.
Do ano de 2000 até o ano de 2005 o Axé Abassá de Ogum esteve em luto pelo falecimento da Yalorixá Gildasia dos Santos, só em 21 de janeiro de 2006 sua filha Yalorixá Jaciara Ribeiro toma posse e reabre as portas do Axé Abassá de Ogum, estivemos de luto durante cinco anos mais não estávamos parados estávamos e estamos lutando até hoje para não deixar com que a intolerância religiosa apague e desafricanize a história de um povo, o candomblé não pode acabar estamos lutando pela nossa liberdade de culto.
Nesses anos de luta muitas coisas aconteceram palestras sobre intolerância religiosa, nosso Terreiro recebeu pela Fundação Cultural Palmares, o certificado de patrimônio material e imaterial da comunidade de matrizes africana, realizamos caminhadas junto de outros terreiros contra a intolerância religiosa, fundamos uma Associação Beneficente Cultural e Religiosa para realizarmos cursos profissionalizantes que acontecem com freqüência em nosso Terreiro, encontros, doações de alimentos, distribuição de preservativos, formação de agentes de saúde, em fim realizamos uma serie de eventos que possam estar ajudando a nossa comunidade carente, que não tem a oportunidade de estar aumentando seus conhecimentos e seus campos de ação.
Agora no ano de 2008 o dia 21 de janeiro se tornou Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa, essa data só veio fortalecer o combate a todas as formas de racismo e intolerância, só fez com que Salvador tivesse um novo olhar para fazer com que a humanidade perceba que temos que conviver com a diversidade, mesmo sabendo que o estado é laico ainda assim existem pessoas que praticam o racismo por pura ignorância as vezes não tem o conhecimento que racismo é crime e que está na constituição a liberdade de culto.
Esse dia veio como uma onda de mudanças de visibilidade para o povo de religião de matriz africana, sabendo que Salvador é uma cidade de 90 % de negros mesmo assim os negros tentam se embranquecer, esconde que são de Candomblé só para não perderem a oportunidade de inclusão em todos os aspectos.
Como mulher negra e líder religiosa só tenho agradecer a todos aqueles que lutam pela intolerância religiosa e por todos as outras formas de preconceito, por terem sido iluminados por nossos antepassados negros que foram reis e rainhas, sendo arrancados da África chegando aqui em condições subumanas e de escravos.
Yalorixá Jaciara Ribeiro

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